Resenha: A Bolsa Amarela – Lygia Bojunga

Editora: Casa Lygia Bojunga Ltda     

ISBN: 85-89020-03-7

Ano: 2009

Páginas: 135

Classificação: 4/5

Sinopse : A bolsa amarela é um romance de uma menina que entra em conflito consigo mesma e com a família ao reprimir três grandes vontades (que ela esconde em uma bolsa amarela) – a vontade de ser gente grande, a de ter nascido menino e a de se tornar escritora. A partir dessa revelação – por si mesma uma contestação à estrutura familiar tradicional em cujo meio “criança não tem vontade” - essa menina sensível e imaginativa nos conta o seu dia-a-dia, juntando o mundo real da família ao mundo criado por sua imaginação fértil e povoado de amigos secretos e fantasias. Ao mesmo tempo que se sucedem episódios reais e fantásticos, uma aventura espiritual se processa e a menina segue rumo à sua afirmação como pessoa.

O livro conta a historia de Raquel, uma menina que vive com sua família, a qual vive reprimindo as coisas que ela tem vontade de fazer e rindo do que ela faz. Assim Raquel tem três vontades, a de ser escritora, de ser gente grande e de ter nascido menino. Vontades essas que crescem a cada dia mais e a menina não sabe mais como fazer para escondê-las. Raquel inventa muitas coisas, nomes, amigos imaginários e histórias. Um dia ela e sua família recebem um pacote da tia Brunilda, tia essa que vive enjoando das coisas e sempre acaba mandando o que não quer mais para eles. Nunca sobra nada para Raquel, mas nesse dia foi diferente, sobrou uma bolsa amarela. Era o que faltava para ela poder esconder a sua vontades e quem sabe mais algumas coisas que ela iria encontrar...

“E se eu escrevo um romance? Ai ninguém mais pode ficar contra mim porque todo mundo sabe que romance é a coisa mais inventada do mundo.” Pág: 21

Esse foi o primeiro livro “grande” que eu li na vida, e ao ver minha irmã com ele, não pude resistir e tive que reler. É um livro infantil e o mesmo é contato pela protagonista da trama. Tem uma escrita de compreensão fácil e nos faz viajar aos tempos da infância.

Se o pessoal vê as minhas três vontades engordando desse jeito e crescendo que nem balão, eles vão rir aposto. Eles não entendem essas coisas, acham que é infantil, não levam a serio. Pág: 23

É gostoso de ler essa história me fez rir e pensar em como criança inventa cada coisa. O livro retrata bem aquela fase de “quero fazer tudo, mas nunca posso”. Retrata a descoberta de gostar de nós, do jeito que somos. De descobrir ideais e lutar por eles. De perder aquele medo de sempre ser reprimido.

- Ás vezes a gente quer muito uma coisa e então acha que vai querer a vida toda. Mas aí o tempo passa. E o tempo é o tipo do sujeito que adora mudar tudo. Um dia ele muda você e pronto: você enjoa de ser pequena e vai querer crescer. Pág: 49

Assim é Raquel e a sua história. Uma menina que descobre que às vezes é bom ter amigos de verdade, que é bom ser do jeito que é, que não só porque é menina não pode fazer algo e que se vão rir de você, deixa para lá o que importa é fazer o que se gosta. Se você tem irmãos, filhos, primos ou sobrinhos, incentivam-os a ler e comece com Bolsa Amarela, um livro brasileiro, maravilhoso e com cara de criança, que todos deveriam ler pelo menos uma vez.

Avaliação completa:

Capa: 3/5

Narrativa: 4/5

História: 4/5

Kamila Raupp